Política

Ato em defesa da democracia reúne movimentos sociais e lideranças políticas em Maceió

Manifestação critica proposta de anistia e cobra do Congresso pautas voltadas aos interesses da população

Por Lucas França com Tribuna Hoje 14/12/2025 14h15 - Atualizado em 14/12/2025 18h08
Ato em defesa da democracia reúne movimentos sociais e lideranças políticas em Maceió
Manifestação critica proposta de anistia e cobra do Congresso pautas voltadas aos interesses da população - Foto: Edilson Omena

Movimentos sociais, centrais sindicais, representantes políticos  e sociedade civil organizada realizaram, neste domingo (14), um ato público em Maceió em defesa da democracia e contra propostas que, segundo os organizadores, representam retrocessos institucionais. A mobilização teve concentração na praça Sete Coqueiros, na Ponta Verde e percorreu trechos da orla, integrando uma agenda nacional de manifestações com o mesmo objetivo.

Presente no ato, o deputado estadual Ronaldo Medeiros, presidente estadual do Partido dos Trabalhadores (PT), destacou que a mobilização tem um significado que vai além do contexto local. Para ele, trata-se de um posicionamento claro contra iniciativas que possam relativizar crimes contra o Estado Democrático de Direito.

“O ato é importante em Maceió e no Brasil todo para dizer não à anistia, não à diminuição de pena de pessoas que tentaram destruir a democracia. Houve tentativa de golpe de Estado, ataques às instituições e ameaças a autoridades legitimamente constituídas. Não podemos permitir que projetos como esse avancem no Congresso”, afirmou o parlamentar.

Mobilização teve concentração na Praça Sete Coqueiros (Foto: Edilson Omena)



Segundo Medeiros, a mobilização é apenas o início de uma série de ações. “Esse é um primeiro ato. A ideia é continuar vigilante. No dia 8 de janeiro, vamos realizar uma grande mobilização nacional em defesa da democracia, para reafirmar que o poder deve ser exercido pela vontade popular, expressa nas urnas”, reforçou.

O presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Alagoas (Sinteal), Izael Ribeiro, também destacou o caráter simbólico da manifestação. “Estamos aqui para dizer não à chamada PEC da dosimetria. Se o golpe tivesse prosperado no 8 de janeiro, não existiriam sindicatos, nem participação popular, nem democracia. Esse é o mote central da nossa manifestação”.

Ato neste domingo (14), reuniu centenas de pessoas na Orla de Ponta Verde (Foto: Edilson Omena)



Izael ressaltou que, além da defesa institucional, o ato reuniu pautas históricas da classe trabalhadora. “Cada entidade trouxe a sua bandeira. Estamos defendendo o fim da escala 6x1, o combate à violência contra as mulheres, o fim do feminicídio e melhores condições de trabalho, especialmente na educação. O Congresso não pode pautar apenas interesses próprios, ignorando as necessidades reais do povo”.

Ainda, para o dirigente sindical, o ato também funciona como um alerta político. “É um recado claro para 2026. Precisamos eleger representantes comprometidos com a pauta popular. Muitos parlamentares votam com empresários e milionários e viram as costas para o povo. Isso precisa mudar”, completou.

Manifestantes falaram da importância do ato em todo o país (Foto: Edilson Omena)



Já o presidente da CUT Alagoas, Luciano Santos, enfatizou que a mobilização busca barrar projetos que considera desconectados da realidade social do país.

“A CUT se soma aos movimentos sociais e partidos políticos para protestar contra um projeto aprovado de forma apressada, sem debate com a sociedade. Apesar do nome técnico, o objetivo é anistiar os responsáveis pelos atos do 8 de janeiro. Isso é inaceitável”, afirmou Santos.

Políticos e sindicalistas se fizeram presentes no ato (Foto: Edilson Omena)



Luciano destacou ainda a importância da pressão popular. “Foi nas ruas que conseguimos barrar outras propostas prejudiciais e avançar em pautas como a isenção do imposto de renda para quem ganha até cinco mil reais. É nas ruas que vamos pressionar o Senado e a Câmara para que enterrem de vez esse projeto e priorizem temas como a redução da jornada de trabalho, a proteção ambiental e a queda da taxa de juros”.

Kátia Born, Presidente do PDT Maceió ressaltou que não há como aceitar anistia para criminosos. "Primeiro, um ato em defesa da democracia. Nós não podemos aceitar anistia a pessoas, a assassinos que queriam matar o presidente da República, o Moraes, o vice-presidente Alckmin. Se alguém for depredar a sua casa, você vai fazer o que? Chamar a polícia e prender. Então está na hora do Senado Federal fazer esse gesto pelo Brasil, pelos trabalhadores, pela sociedade e pela democracia e derrubar o projeto da Anistia''.

Entre os participantes estava Roniel da Wassu-Cocal, estudante indígena, que destacou que a presença dos povos originários na manifestação teve um significado especial diante do cenário político atual. “Hoje estamos nas ruas porque foi organizado um ato nacional dos povos indígenas. No mesmo dia em que estava acontecendo a votação da dosimetria na Câmara, o Senado também aprovava a PEC 48 de 2023, que é uma PEC da morte e ataca diretamente os povos indígenas do Brasil. Nós não podemos admitir que isso aconteça”.

Povos indígenas criticaram também o Marco Temporal durante o ato (Foto: Edilson Omena)



Roniel explicou que a mobilização também tem como foco a luta contra o marco temporal e a defesa da demarcação de terras indígenas. “Dizemos não ao marco temporal, demarcação já. Precisamos reafirmar que nós, povos indígenas, existimos e resistimos muito antes de 1988 e até mesmo antes de 1500, como muitos ainda insistem em ignorar. Estamos aqui marchando e lutando contra a PEC 48 e contra o marco temporal”.

O estudante indígena ressaltou ainda que o ato em Maceió vai além das pautas específicas dos povos originários e se insere em uma defesa mais ampla das instituições democráticas.

A manifestação em Maceió fez parte de um conjunto de atos realizados em diversas capitais do país, reafirmando, segundo os organizadores, o compromisso dos movimentos sociais com a defesa da democracia, dos direitos trabalhistas e das instituições republicanas.